Capítulos 11-12
– Nesses capítulos, temos o registro de Lázaro sendo ressuscitado dos mortos e
então sentado em um círculo de comunhão com outros da mesma fé cujo objeto era
o Senhor. Ele passou da esfera da morte para a esfera do “que é realmente vida” (1 Tm 6:19 – ATB). Isso ilustra outro
aspecto da transição do judaísmo ao Cristianismo.
A condição de
morte na qual Lázaro estava é uma figura do estado da nação de Israel sob a lei,
moral e espiritualmente. Todo o sistema da lei é um “ministério da morte” e um “ministério
da condenação” (2 Co 3:7, 9). Todos os que
estavam sob as condições legais daquele sistema, que não cumpriam seus termos, foram
mortos por isso. A ressurreição de Lázaro é uma figura da obra do Senhor em
trazer um remanescente de crentes para fora daquele sistema legal. Maria e
Marta são uma figura das duas partes do remanescente crente daquela época.
Maria tinha plena certeza de fé e aguardou na expectativa de que o Senhor
viesse (v. 20). Ela fala dos Simeãos e das Anas, etc., que estavam esperando em
fé pela “redenção em Jerusalém” (Lc
2:25-38). Marta expressou uma fraqueza de fé que também era vista entre muitos
dos judeus crentes da época. Ela honrou o poder do Senhor, mas questionou Sua
pontualidade e modos – e até O acusou de chegar atrasado (v. 21). Muitos desses
crentes naquela época estavam cheios de dúvidas (Mt 28:17; Lc 24:13-33; Jo
20:24-31).
O evangelho
recebido não só traz vida à alma do crente (“vida eterna”), mas também traz o crente a uma esfera de vida na
comunidade dos santos. O apóstolo Paulo se refere a esse último aspecto de vida
como “vida eterna” – para a qual os
santos serão levados quando forem glorificados no céu (Rm 5:21, 6:22-23; 1 Tm
6:11; Tt 1:2, 3:7). Isso é ilustrado na cena em que Lázaro foi encontrado
depois de o Senhor tê-lo ressuscitado dos mortos (cap. 12:1-3). Ele desfrutou
de feliz comunhão no jantar com Maria, Marta e os discípulos, com o Senhor no
meio deles. Ele não somente recebeu vida em sua alma, mas foi trazido para a
esfera de vida entre os crentes, o que é uma figura da comunhão Cristã. (1 Jo
1:3).
Contudo, Lázaro
não saiu para fora do túmulo para a cena do jantar de Betânia imediatamente.
Quando veio para fora da sepultura, estava “ligado
com faixas” (“as mãos,” “os pés,”
e “o rosto”) e precisava ser
libertado. Isso fala da escravidão dos princípios legais no judaísmo (At 15:10;
Gl 4:24-25). Frequentemente, aqueles que foram salvos daquele sistema são
impedidos por aqueles princípios legais que formaram suas consciências. Eles
frequentemente trarão as “faixas” do
judaísmo (princípios legais e práticas) com eles para o círculo Cristão de
comunhão e isso pode causar perturbação entre os santos (At 10:9-16; Rm 14:1-6;
Gl 2:11-14). O Senhor disse, “Desligai-o
e deixai-o ir” (v. 44). Isso fala da obra que o Senhor deu a Seus servos
(particularmente aos apóstolos) nos primórdios do Cristianismo. O ministério
deles para aqueles que eram salvos do judaísmo era libertá-los das armadilhas
daquela religião terrena. As epístolas judeu/Cristãs (Hebreus, Tiago, 1 e 2
Pedro) são um exemplo dessa obra. Os escritores do Novo Testamento trabalharam
para libertar crentes judeus das “faixas”
do judaísmo e estabelecê-los na liberdade Cristã (Gl 5:1).
Entre esses
eventos sobre Lázaro sendo ressuscitado e estar no jantar, Caifás o sumo
sacerdote, profetizou (sem saber) “que
Jesus devia morrer pela nação” (vs. 47-54). Ele tinha intenções perversas e
egoístas no que disse ao conselho (o Sinédrio). Parafraseando, ele disse, “Se
isto persistir (isto é, pessoas se juntando ao Senhor Jesus) haverá uma
revolução na nação, e os Romanos virão e matarão a todos nós”. Ele sugeriu que
deveriam matar Cristo e espalhar Seus seguidores, colocando um fim a esse novo
movimento e assim salvar a nação de ser destruída. Argumentou que seria melhor
que “um homem morra pelo povo” do
que “toda a nação” morrer. Assim,
Caifás não tinha remorso em assassinar um homem inocente se isso preservasse o
lugar da nação na terra. Mas Deus predominou sobre o que foi dito e ele
profetizou, sem o saber, exatamente do que iria acontecer na morte de Cristo. O
Senhor não somente morreria pela nação, mas também iria “reunir em um os filhos de Deus que andavam dispersos” (JND). Isso
aponta para a presente obra de Deus nesta dispensação Cristã de ajuntar crentes
gentios ao rebanho de Deus com crentes judeus (Jo 10:16).
Tendo sido
libertado das faixas do judaísmo, Lázaro foi encontrado em comunhão com suas
irmãs e os apóstolos no jantar onde o Senhor estava no meio (cap. 12:1-3). Essa
é uma cena que retrata uma comunhão e adoração Cristãs. Vemos Maria exercendo a
liberdade que marca a adoração Cristã. Ela não tinha autoridade oficial para
agir como sacerdotisa (como era requerido na religião judaica), mesmo assim ela
livremente se aproximou do Senhor com o “unguento
de nardo puro” – que fala de adoração. É triste dizer mas aqueles que, como
Maria, agem em liberdade de Espírito na adoração Cristã, seriam criticados por
aqueles cujas mentes foram moldadas pela ordem judaica (cap. 12:4-8). Além
disso, os principais sacerdotes deliberaram que poderiam matar Lázaro depois de
ele ter sido ressuscitado dos mortos (cap. 12:10). Isso mostra que haveria perseguição
contra aqueles que fossem libertados dos laços do judaísmo e andassem na
liberdade do Cristianismo.
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